O Espaço Cultural Antiga Matriz


Com a mobilização comunitária, a Antiga Igreja assume uma nova vocação, tornam-se um importante equipamento cultural da região.

A Movimentação Comunitária

O Tombamento e a Aquisição

O Restauro

A Requalificação



O Espaço Cultural Antiga Matriz


Com a mobilização comunitária, a Antiga Igreja assume uma nova vocação, tornam-se um importante equipamento cultural da região.

A Movimentação Comunitária

O Tombamento e a Aquisição

O Restauro

A Requalificação



A Movimentação Comunitária


A partir de 1975, com a Antiga Matriz deixando de ser utilizada como espaço religioso, houve o questionamento sobre a própria existência do local, que começou a ser alvo de ideias, defendendo sua demolição. A especulação imobiliária foi uma das razões motivadoras para essa intenção. Ao mesmo tempo, o próprio pároco local, Pe. José Günther Büttenbender, não escondia que também era seu desejo que a Antiga Matriz fosse demolida.

A passagem de Pe. Günther à frente da Paróquia São Miguel de Dois Irmãos foi de curta duração. Assumiu em 6 de janeiro de 1975, sendo transferido para outra paróquia em 12 de junho de 1976. Em seu lugar foi nomeado o Pe. Benno Deimling, que possuía um ponto de vista diferente de seu antecessor, não concordando com a destruição da igreja. Tanto que, em várias ocasiões, celebrou batismos no espaço da Antiga Matriz, durante seu período como pároco, entre 1976 e 1980. Mas o sucesso em manter o antigo templo edificado foi resultado, principalmente, da mobilização da comunidade local.

Em 1975 teve início o movimento visando preservar a Antiga Matriz, “batendo de frente” com os interesses de demolição do espaço. Esse movimento foi iniciado pela jovem Bernadete Rausch, na época estudante do Curso de Turismo em Porto Alegre. Ao saber da ameaça de destruição do templo, procurou a imprensa para denunciar a situação. Encontrou apoio do jornalista Walter Galvani da Silveira, então repórter do jornal Correio do Povo, que circulava por todo Rio Grande do Sul. Ele publicou uma reportagem sobre o assunto, questionando se era justo um local histórico como a Antiga Matriz de São Miguel, palco de tantos momentos vividos pela comunidade de Dois Irmãos, vir abaixo por conta de interesses de poucas lideranças.

A repercussão da reportagem desagradou alguns membros da comunidade local, mas foi vista positivamente por muitos outros. O fato é que isso gerou uma movimentação comunitária que impediu a demolição da Antiga Matriz. Outras ações foram realizadas nesse sentido, ao longo dos anos seguintes, como o abraço simbólico ao redor do templo, em 1985, feito por alunos da Escola Estadual 10 de Setembro, localizada a poucas quadras da velha igreja. Isso sem falarmos do abaixo-assinado realizado em 1983, por iniciativa das professoras Clarice Maria Arandt e Vera Maria Rausch, onde foram coletadas mais de 800 assinaturas de moradores de Dois Irmãos.

Ao fim de tudo, a ideia defendida por Pe. Günther e outras pessoas da comunidade, de destruição da Antiga Matriz de São Miguel, não foi concretizada. A igreja continuou em seu lugar. Mas sofrendo com a degradação nas duas décadas seguintes.

No ano de 1995, ou seja, cerca de vinte anos após as primeiras iniciativas, foi oficializada, em 17 de outubro daquele ano, a criação da Associação de Amigos do Patrimônio Histórico e Cultural de Dois Irmãos (AAPHeCDI). Novamente, através da ação comunitária, se buscavam alternativas de envolvimento, valorização, preservação e usos culturais da Antiga Matriz.

Essa entidade se originou a partir do trabalho de três pessoas, em 1993: Jorge Angelo Reinheimer, então chefe do Departamento Municipal de Cultura, Tânia Luisa Becker, coordenadora do Museu Histórico Municipal e Vera Maria Rausch, professora da Escola Estadual 10 de Setembro. O que os unia era a preocupação com a preservação e recuperação urgente do prédio da Antiga Igreja Matriz de São Miguel que se encontrava em condições muito precárias.

Aos poucos, foram se somando mais pessoas, formando o grupo de Amigos da Antiga Matriz, que se reuniam para pensar em como buscar recursos para realizar as obras de restauração da Antiga Igreja, com o intuito também de engajar-se às ações da Prefeitura Municipal de Dois Irmãos, que em 1991 havia adquirido o prédio em permuta com a Mitra da Diocese de Novo Hamburgo.

Após várias reuniões que aconteceram ao longo de 1994 e 1995, a AAPHeCDI foi criada oficialmente, tendo como foco principal a preservação, restauração e revitalização da Antiga Igreja, além de promover a valorização, divulgação e a preservação de todos os bens e manifestações culturais de Dois Irmãos.

A Denúncia Contra a Demolição
O Abaixo Assinado
O Abraço na Antiga Matriz
Os Amigos da Antiga Matriz
A Associação
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O Tombamento e a Aquisição


Embora não passasse por manutenção desde 1975 e pertencendo à Mitra da Diocese de Novo Hamburgo, a comunidade de Dois Irmãos se mobilizou para que a Antiga Matriz tivesse reconhecimento como um bem cultural, histórico e religioso. Isso permitiria até mesmo melhores condições para garantir a preservação adequada daquele espaço.

No ano de 1983, as professoras Clarice Maria Arandt e Vera Maria Rausch organizaram um abaixo-assinado, com a ajuda das também professoras Líria Lawisch e Márcia Sauressig Wendling na coleta de quase 1000 assinaturas, buscando medidas mais concretas para a preservação e restauro desse espaço. Este documento foi encaminhado às autoridades estaduais na área de Patrimônio e ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul em novembro de 1983, através da então denominada Coordenadoria do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado.

A iniciativa obteve êxito com o reconhecimento por parte do governo estadual através do tombamento. Com isso, o bem cultural passou a integrar a lista de Patrimônios Culturais do Rio Grande do Sul. Com a Portaria 06/84, de 1º de agosto de 1984, a Antiga Matriz foi inscrita no Livro Tombo de Bens Materiais, sob o número de inscrição 25. Em 16 de agosto do mesmo ano, foi publicado no Diário Oficial do Estado o Decreto de Tombamento, assinado pelo então governador, Jair de Oliveira Soares.

Em 1991, por conta de uma permuta assinada pela Prefeitura Municipal de Dois Irmãos, na gestão do prefeito João Arnildo Mallmann, com a Mitra da Diocese de Novo Hamburgo, a Antiga Matriz foi incorporada ao patrimônio do município.

Outras ações foram necessárias para garantir a preservação do espaço, sua manutenção, restauro e requalificação. Mais uma vez, a participação da comunidade foi decisiva para que isso se concretizasse.


O Restauro


Para realizar um pequeno histórico sobre o processo de restauro da Antiga Matriz, é preciso mencionar o principal grupo que se empenhou para essa iniciativa: a Associação de Amigos do Patrimônio Histórico e Cultural de Dois Irmãos (AAPHeCDI), cujo breve histórico já foi destacado no Foco 6. A partir de 1995, a AAPHeCDI elaborou e encaminhou projetos aprovados por lei de incentivos fiscais, com o objetivo de captar recursos através de patrocínios para realizar obras de restauração do prédio histórico.

Destaca-se que o primeiro projeto nesse sentido data de 1990, elaborado pelas arquitetas Ana Meira e Cristina Hoffer. Em 1995, a Prefeitura Municipal contrata a empresa Espaço Arquitetura e Restauro para levantamento de necessidades e patologias, visando o restauro da Antiga Matriz. Já em 1996, iniciaram as obras de recuperação do telhado, com verbas oriundas do PRONAC-MEC e da Prefeitura Municipal de Dois Irmãos.

As obras de restauro ocorridas entre 1998 e 2007 contaram com aporte financeiro vindo do Grupo Herval, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC), do Consulado Geral da Alemanha e da Prefeitura Municipal de Dois Irmãos. Neste período, as obras de restauro se concentraram na estrutura da edificação, drenagem, construção de sanitários, restauração das pinturas murais, do forro e vitrais, assim como ajardinamento externo, pintura e cercamento do prédio.

Ação de Vanguarda
O Ato de Tombamento
A Permuta
Adquirir para Preservar

A Requalificação


A partir de 1995, a Antiga Matriz passou a ser utilizada como um local de realização das mais diversas atividades culturais. A inauguração oficial como equipamento cultural aconteceu em 2007 e, posteriormente, em 2017, definitivamente se tornou “Espaço Cultural Antiga Matriz”.

A partir de 1999, começaram os grandes eventos no Espaço, como o Recital de Canto e Piano, com a soprano Laura de Souza e a pianista Olinda Allessandrini. De 2007 a 2019 o Espaço Cultural recebeu aproximadamente 120 eventos, entre exposições, apresentações de música e dança, palestras, atividades de educação patrimonial e mostras de cinema. Em 2019, nas Comemorações dos 150 anos da Antiga Igreja Matriz de São Miguel, uma série de atividades foram realizadas ao longo daquele ano, além da produção de um documentário e uma exposição sobre os 150 Anos da Antiga Matriz. As Temporadas Culturais, que ocorrem todos os anos, merecem destaque.

Em 2010, a Associação de Amigos do Patrimônio Histórico e Cultural de Dois Irmãos passou a administrar o Espaço, promovendo e coordenando as atividades que ali são realizadas, assim como se empenhando na constante manutenção, qualificação e valorização do local.

Entre as ações para modernizar o Espaço Cultural estão os projetos Equipar I, Equipar II e Memorial Antiga Matriz, através dos quais foram adquiridos mobiliários e equipamentos de iluminação e sonorização, constituídas áreas de palco, plateia, galeria de artes visuais e espaço permanente de exposição museográfica com o acervo da Igreja, além de qualificação de sua comunicação institucional, com a criação do site do Espaço Cultural, de logomarcas, redes sociais, entre outros ações.

O Primeiro Grande Evento
Recital Entre Tapumes
Um Templo da Cultura
Reabertura do Espaço Cultural Antiga Matriz